Imagine-se sentado numa sala de cinema com o intuito de ver um filme. O filme não começa à hora certa porque é necessário passar mais uma dezena de anúncios de publicidade antes do filme arrancar. O filme começa. A cortina não abre por completo, ficando duas barras consideráveis de pano preto em cada um dos lados. O filme é projectado no meio, ficando com a sensação que há partes da imagem que não está a ver porque a cortina não foi toda aberta. No canto superior da tela, em cima da imagem, está presente o logótipo da sala de cinema. Há um intervalo. Outro. E mais outro. E ainda outro. Em cada intervalo passa publicidade. Aproveita e sai da sala para tratar de um assunto que tem pendente. O filme recomeça e toca o seu telemóvel. Sai da sala para atender. Demora dez minutos e volta para dentro. Eventualmente, o filme chega do fim. As luzes acedem-se de repente e o projeccionista pára, subitamente, a projecção. Você só queria ter visto o nome dos actores e de ter tido dois minutos para assimilar a hora e meia de imagens que lhe entraram pelos olhos.
Obviamente, isto não acontece em alguma sala de cinema. Nem ninguém o toleraria. Mas, curiosamente, acontece todas as vezes que vê um filme na televisão. E quase toda a gente o aceita.