março 27, 2004

«Out of Time»



Título Português: Out of Time - Tempo Limite
Título Original: Out of Time
País de Origem: EUA, 2003
Realizador: Carl Franklin
Argumento: David Collard
Elenco: Denzel Washington, Eva Mendes, Sanaa Lathan, Dean Cain, John Billingsley
Fotografia: Theo van de Sande
Música: Graeme Revell
Produção: Metro-Goldwyn-Mayer
Distribuição Nacional: Vitória Filme
Género: Thriller, Drama
Duração: 104 min
Classificação Etária: M/12

Depois de Devil in a Blue Dress, o actor Denzel Washington volta a ser dirigido pelo realizador Carl Franklin em Out of Time - um policial que recupera os elementos seminais do film-noir norte-americano, à semelhança do que já havia acontecido na anterior colaboração da dupla.

O filme situa a sua acção na Florida, onde um chefe de polícia (o veterano Denzel Washington), em colaboração com a detective de quem se está a divorciar (a voluptuosa Eva Mendes), se vê envolvido na investigação de um duplo homicídio em que as vítimas são a sua amante (Sanaa Lathan) e o abusivo marido (Dean Cain). Para seu desespero, o conceituado polícia descobre que todas as pistas o indiciam como presumível autor do crime.

Out of Time é um produto algo atípico, tanto na exploração do tema, como na sua construção narrativa; também o é na definição daquilo que pretende ser. É suposto haver mistério? Ou apenas tensão? O filme é lento a arrancar e perde demasiado tempo na construção de um suposto primeiro acto, nomeadamente no estabelecimento da premissa - o que leva a acreditar que o filme tenta criar uma situação de mistério. Mas não há mistério. No final do primeiro acto tudo é demasiado óbvio. Se as pistas não fossem suficientes, por analogia com outros filmes, facilmente o espectador desvendaria o que se tinha passado e o que se está a passar. Naturalmente, neste momento, o filme peca pelo desinteresse. Não há mistério a desmascarar.

No entanto, numa mudança de género algo radical, Carl Franklin consegue retomar o pulso ao filme, não através do elemento mistério mas através do elemento tensão. Conscientes da inocência do polícia incriminado, facilmente nos entregamos a uma realização que explora de forma hábil e constante situações limite nas quais um homem inocente, centro de uma investigação, esconde, adultera e manipula as provas que o denunciam como culpado. É irrelevante saber o que se está a passar, porque já o sabemos. E aqui, narrativamente, o filme não acrescenta nada de novo. Vive apenas de episódios de tensão, da luta contra o tempo de um homem que tenta provar a sua inocência, ou antes, escamotear a sua alegada culpabilidade. O filme fá-lo com eficácia, no entanto.

Out of Time contém os elementos principais do film-noir: um detective que tenta fazer o bem e acaba por se tornar vítima das suas acções, uma bela e sensual femme-fatale, uma mala cheia de dinheiro. Mas se os elementos do noir estão presentes, o ambiente não é suficientemente escuro, pesado e pessimista - como o género exige, por definição. Franklin encontra o seu estilo com cores mais vivas, assim como já tinha feito em Devil in a Blue Dress, sons latinos de Graeme Revell e uma abordagem moderna. E se o filme, ainda que convencional e ornamentado por clichés, não é traído pelo tom que decide assumir, é ferido de morte com um final totalmente despropositado que pisca o olho a um público menos exigente.

O filme de Franklin é um produto estranho. Como se se tratasse de um policial que confessa ao espectador logo no início que a culpa é do mordomo, e que aposta depois na representação dos actores e no exercício de realização para manter o espectador interessado. Out of Time consegue envolver, mas é difícil ignorar que em determinada parte do filme existe pretensão de mistério. E tudo é demasiado previsível.

Classificação: 6/10