março 23, 2004

«Timeline»



Título Português: Resgate no Tempo
Título Original: Timeline
País de Origem: EUA, 2003
Realizador: Richard Donner
Argumento: Jeff Maguire e George Nolfi, adaptado do romance de Michael Crichton
Elenco: Paul Walker, Frances O'Connor, Billy Connolly, Gerard Butler, Anna Friel
Fotografia: Caleb Deschanel
Música: Brian Tyler
Produção: Paramount Pictures, The Donners' Company
Distribuição Nacional: Lusomundo
Género: Aventura, Ficção Científica
Duração: 116 min
Classificação Etária: M/12

Depois de ter visto o trailer, fui ver Timeline sem grandes expectativas; as mesmas não foram logradas. O mais recente filme de Richard Donner (Superman, Lethal Weapons) adapta um romance de Michael Crichton (Jurassic Park, Congo) e o resultado é fracamente desinteressante. O filme não funciona.

Talvez por ter visto o trailer, nem a premissa narrativa é suficientemente forte. Temos um grupo de jovens arqueólogos instalados com um professor nas ruínas de um castelo do século XIV situado numa pequena povoação francesa. Dois dias depois do professor se ausentar para se encontrar com os mecenas do projecto, é encontrado nas escavações um pedido de ajuda do mesmo datado de 600 anos antes. O grupo de estudantes desloca-se às instalações da empresa que os financia para vir a descobrir que foram feitas experiências com uma recente máquina que permite viajar no tempo e que o professor se encontra preso no ano 1357, no meio de uma batalha feudal entre ingleses e franceses. Como seria de esperar, os jovens prontamente se voluntariam para o resgate do mentor.

À partida, o filme soa a incoerente porque parece não encontrar seu género nem no filme de aventuras medieval nem no filme de ficção científica sobre viagens temporais. A acção alterna entre o presente e o passado num resultado nada sólido. Parece-me que Donner viu na obra de Crichton o veículo ideal para explorar um tema que tão habilmente já explorou no passado com Ladyhawke - o medieval - ou mesmo repetir o filme de aventuras (The Goonies é também um bom exemplo). Só que Timeline, de aventura tem muito pouco. Apesar de Donner ser um realizador competente, toda a aventura do filme se resume a pouco mais que uma sequência de ataque a um castelo e alguns encontros fortuitos no meio da floresta. Tudo o resto é vazio e desprovido de qualquer interesse.

Nem o tema das viagens temporais e seus paradoxos indissociáveis constituem motivo de atenção para o espectador. A abordagem é superficial e as questões levantadas são as usuais. De aplaudir, no entanto, que o filme não tenha pretensões moralistas em criticar severamente o poder de deus que o comum dos mortais adquire quando viaja no tempo.

De um elenco de segunda, se é que alguém se destaca, será Paul Walker (The Fast and the Furious, Joyride) por não estar tão mal quanto poderia estar. Mas nem actores vagamente conceituados como Billy Connolly ou Frances O'Connor fazem esquecer que Timeline é um produto fraco que nem o objectivo de tentar situar o espectador na época medieval consegue atingir.

Estando bem executado, com efeitos especiais eficazes e uma reconstituição da época claramente sustentada por um orçamente avultado, o filme é traído narrativamente pelo material em que se baseia. Timeline não entretém, e depois de abandonada a sala de cinema, fica pouco, muito pouco.

Classificação: 4/10