março 30, 2004

«Peter Pan»



Título Português: Peter Pan
Título Original: Peter Pan
País de Origem: EUA, 2003
Realizador: P.J. Hogan
Argumento: P.J. Hogan e Michael Goldenberg, adaptado da peça de J.M. Barrie
Elenco: Jason Isaacs, Jeremy Sumpter, Rachel Hurd-Wood, Olivia Williams, Ludivine Sagnier
Fotografia: Donald McAlpine
Música: James Newton Howard
Produção: Universal Pictures, Columbia Pictures, Revolution Studios
Distribuição Nacional: Lusomundo
Género: Fantasia, Família, Aventura
Duração: 113 min
Classificação Etária: M/6

Desta feita é o australiano P.J. Hogan a adaptar a história de Peter Pan, sobre o menino que se recusava a crescer, vivendo mágicas aventuras no reino de Neverland. Hogan fá-lo com relativo sucesso. Se existem momentos mágicos, bem conseguidos ou mesmo comoventes, por outro lado é notório que Hogan não pinta as suas personagens de cor-de-rosa com uma única demão. Se as personagens eram complexas no interessante My Best Friend's Wedding ou no delicioso mas agridoce Muriel's Wedding, também aqui, em Peter Pan, se vislumbra por trás de toda a inocência um tom mais negro na abordagem à peça de J.M. Barrie.

Peter Pan é um filme bem feito, sem dúvidas. Tecnicamente sem falhas, com um elenco funcional e uma grande dose de efeitos especiais que, de forma irrepreensível, conferem a magia ao mundo de Neverland e, consequentemente, a todo o filme. O mais interessante da obra de Hogan será mesmo o cuidado tratamento visual e cromático, sempre presentes. A composição musical de James Newton Howard é eficaz e imprime movimento à acção, transportando-nos para uma outra realidade: a das fadas, dos piratas, da fantasia.

O meu único problema com Peter Pan é o público alvo a quem se destina. O filme de Hogan é um filme de família para crianças, assumidamente. Peter Pan não é um filme para pessoas dos 6 aos 66, ao contrário do que parece estar a tornar-se regra nos filmes destinados a um potencial público mais jovem. Vejam-se as animações da Pixar e da Dreamworks, por exemplo. Gostar ou não de Peter Pan depende apenas da nossa capacidade de nos deixarmos envolver numa história sobre crianças, para crianças. Comigo não funcionou, mas o filme tem tudo para que possa funcionar.

Parece-me ainda que o filme é ligeiramente mais violento do que deveria ser, tendo em consideração o alvo a quem se destina. Existem demasiadas cenas em que o perigo é explorado como mecanismo narrativo. Há ainda alguns tiros, espadas apontadas ao pescoço de crianças e alguma violência física. Como os mais jovens assimilarão essa violência não sei, mas o facto de duas crianças terem abandonado a sala não me passou despercebido. Não querendo ser moralista, não posso deixar de relembrar que falamos do mesmo sistema moral - o norte-americano - que é assolado por uma onda de indignação colectiva com o episódio do seio visível de Janet Jackson no intervalo do Super Bowl.

Em nota de curiosidade: o filme conta com Mohamed Al-Fayed como um dos produtores executivos e é dedicado ao seu malogrado filho, Dodi Fayed - que tinha sido produtor executivo em Hook, de Steven Spielberg.

Classificação: 6/10