abril 12, 2004

«Cheaper by the Dozen»



Título Português: À Dúzia É Mais Barato
Título Original: Cheaper by the Dozen
País de Origem: EUA, 2003
Realizador: Shawn Levy
Argumento: Craig Titley, Sam Harper, Joel Cohen e Alec Sokolow, baseado no livro de Frank Gilbreth Jr. e Ernestine Gilbreth Carey
Elenco: Steve Martin, Bonnie Hunt, Piper Perabo, Tom Welling, Hilary Duff
Fotografia: Jonathan Brown
Música: Christophe Beck
Produção: 20th Century Fox
Distribuição Nacional: LNK
Género: Cómedia, Drama
Duração: 98 min
Classificação Etária: M/6

Shawn Levy assina Cheaper by the Dozen, remake livre do original homónimo de 1950 baseado no livro de Frank Bunker Gilbreth Jr. e Ernestine Gilbreth Carey sobre as desventuras da família real Gilbreth - que contava com doze filhos. O filme de Levy é simples mas honesto. Sem trazer nada de novo, consegue evitar alguns clichés inevitáveis e recupera mesmo um certo ambiente do filme de família tradicional que as mais recentes produções de Hollywood sobre a mesma temática têm ofuscado.

Steve Martin (Bowfinger, Bringing Down the House) e Bonnie Hunt (Random Hearts, The Green Mile) são os pais a cargo com a árdua tarefa de gerir uma família de doze filhos. A escolha acertada do conjunto de pequenos actores e actrizes para os papéis dos filhos transforma o filme num produto de fácil aceitação; as crianças são adoráveis, sem nunca serem insuportáveis. No meio das várias crianças, destacam-se duas actrizes não tão jovens: Piper Perabo (The Adventures of Rocky & Bullwinkle, Coyote Ugly) e Hilary Duff (Agent Cody Banks, The Lizzie McGuire Movie), nos papéis da filha já independente e da jovem na crise da adolescência, respectivamente. Ashton Kutcher (Dude, Where's My Car?, My Boss's Daughter) tem um pequeno papel como o namorado narcisista de Piper Perabo que, em tom de paródia, vai troçando com a sua condição de ser um dos jovens mais sexy entre as adolescentes norte-americanas.

Para quem julga que ter um filho tem que se lhe diga - quanto mais dois ou três - Cheaper by the Dozen expõe com a superficialidade que lhe é pedida como se gere uma família de doze filhos. A lógica é a da linha de montagem fabril, em série, e a técnica é a de um treinador de futebol - aliás, profissão do pai. Mas será possível treinar duas equipas ao mesmo tempo? E será possível a mãe perseguir os seus sonhos profissionais, ou mesmo construir uma carreira? As dificuldades amontoam-se quando a família, arrastada por um sonho profissional do pai, abandona a pequena localidade natal e se desloca para a grande cidade. Surgem as dificuldades de aceitação num meio estranho - seja no bairro ou na escola - mas os problemas de identificação com uma nova realidade vão sendo ultrapassados com o recurso à união dos irmãos, com a cumplicidade, com as brincadeiras coniventes. Mas porque irmãos não são irmãos se não houver disputas, o filme não perde tempo em servir-nos doses grandes de gags resultantes das rivalidades entre irmãos, das tropelias de pequenas crianças a agirem em modo terrorista, das idiossincrasias dos mais novos, tudo multiplicado por doze - ou quase.

Sem ser poderoso, o filme de Levy tem algum calor humano. O suficiente para que Cheaper by the Dozen seja um filme minimamente interessante, com momentos verdadeiramente engraçados e com outros eficazmente dramáticos. Aliás, é pela vertente dramática que o filme não se perde numa sequência de gags apenas. Os valores da família estão pontuados, aqui e ali, entre os desacatos provocados pelos pequenos pestinhas. A moral do filme é a esperada: a família é o bem mais importante; tudo o resto é secundário e facilmente se ultrapassa com a união. No género que o filme explora, e para o público a quem se destina, a mensagem é a adequada, ainda que pintada em traços cor-de-rosa.

Classificação: 6/10