abril 06, 2004

«Les anges de l'apocalypse»



Título Português: Os Anjos do Apocalipse
Título Original: Les rivières pourpres 2 - Les anges de l'apocalypse
País de Origem: França/Itália/Reino Unido
Realizador: Olivier Dahan
Argumento: Luc Besson
Elenco: Jean Reno, Benoît Magimel, Christopher Lee, Camille Natta, Johnny Hallyday
Fotografia: Alex Lamarque
Música: Colin Towns
Produção: Légende Enterprises
Distribuição Nacional: Lusomundo
Género: Thriller, Acção
Duração: 97 min
Classificação Etária: M/16

Les anges de l'apocalypse, a sequela de Les rivières pourpres, deixa de fora alguns nomes importantes ligados ao primeiro projecto, nomeadamente o actor Vincent Cassel (La Haine, Irréversible) e o realizador, também argumentista, Mathieu Kassovitz (La Haine, Gothika). Olivier Dahan substitui Kassovitz na realização, Benoît Magimel (La Pianiste) é o novo parceiro policial de Jean Reno (Léon, Ronin), e o conceituado Luc Besson (Léon, The Fifth Element) entra como argumentista e co-produtor. O abandono de Kassovitz parece, à partida, ter bastante mais peso do que a entrada de Besson, e os iniciais motivos para preocupações acabam por não se revelar infundados.

Há pouco a dizer sobre Les anges de l'apocalypse, porque o filme de conteúdo tem muito pouco. O filme funciona estritamente com base numa lógica de exploração de cenas de acção e alguma tensão. Não é difícil adivinhar que Olivier Dahan esteve ligado ao mundo dos videoclips; a câmara é rápida, frenética e fluida; o estilo é cru e os ambientes são bem definidos; os tons são escuros e sem grandes contrastes, com os focos de luz sempre sobreexpostos. Poucas vezes me incomoda a sobreexposição da imagem, mas em Les anges de l'apocalypse o efeito é desmedido, tornando-se francamente distractivo. Fora isso, Dahan revela-se um cineasta tecnicamente competente e o filme não tem falhas de maior. As cenas de acção estão bem conseguidas, com tensão suficiente, e é o que consegue prender o espectador. O problema está entre as cenas de acção. Não se passa nada.

O filme é traído, naturalmente, pelo fraco e desinteressante argumento de Luc Besson. Há um pouco de tudo, desde Seven a Indiana Jones, numa história que peca pela falta de originalidade e inconsistência narrativa. Quando a trama é desinteressante, o espectador desliga-se. E é difícil voltar a conquistar a sua atenção. Dahan consegue fazê-lo através das cenas de acção, mas passada meia-hora o espectador já perdeu o interesse pela história própria dita, assistindo de cérebro desligado às perseguições, às lutas, aos tiroteios.

O par de detectives, interpretado por Jean Reno e Benoît Magimel, é eficaz. Reno é igual a si próprio, e a saída de um Vincent Cassel mais cool é compensada pela entrada de um Magimel mais "menino bonito", facilmente aceitável. Não é por aí que o filme falha em verosimilhança, nem é sequer pelas alegadas cenas em que as personagens demonstram poderes dignos de verdadeiros super-heróis. O filme falha na história, ou falta dela. O filme falha porque é desinteressante. Porque se a única coisa que conseguimos apreciar num filme são as cenas de acção, o estilo e os ambientes, pouco ficará na nossa memória passados alguns dias.

Classificação: 4/10